sábado, 2 de setembro de 2017

Casa Augusto Rossdeutscher

Casa Augusto Rossdeutscher

Casa Augusto Rossdeutscher

Casa Augusto Rossdeutscher

Esta casa na Avenida Nossa Senhora Aparecida pertenceu ao Sr. Augusto Rossdeutscher. É uma Unidade de Interesse de Preservação.
Segundo um membro da família postou em uma rede social, ela foi construída em 1894.

Augusto Rossdeutscher


Encontrei no jornal “Diário da Tarde” de 30 de julho de 1901 um artigo interessante sobre o Sr. Augusto, que transcrevo:

“Pelas Industrias
O grande cortume do sr. capitão Augusto Rossdentscher, situado em logar aprazivel, no Batel, é um estabelecimento que honra as nossas industrias e que põe em relevo as excellentes aptidões profissionaes do seu proprietario.
O cortume dispõe de todos os melhoramentos necessarios ao serviço de couros e ao fabrico de collas, sendo movido por uma machina á vapor de força de 8 cavallos.
Em area não pequena estendem-se os tanques destinados á lavagem, raspagem e aos demais beneficiamentos dos couros, sendo de notar-se a perfeição com que o sr. Rosedentcher expões aos mercados consumidores do Estado os productos do seu estabelecimento assàz considerados como artigos de primeira ordem por todos aquelles que se empregam nos officios de sapateiros e selleiros.
Em consequencia da crise economia que depaupera a industria e o commercio nacionaes, aquella importante fabrica tem tambem se resentido desses males oriundos de tão anormal estado de couros. O activo e operoso sr. Rossdentscher, porem, não desanima diante da crise, e vae prestando os seus bons serviços á causa do progresso material do Paraná.
O cortume foi distinguido com medalha de prata pela Exposição Agricola e Industrial, realizada ultimamente nesta capital.
É justo que digamos alguma cousa sobre a vida de tão prestante cidadão, por todos os titulos digno da estima publica.
O sr. Augusto Rossdentscher nasceu em Posen, na Allemanha. FIlho de paes pobres, teve de emigrar muito moço para o Brazil, afim de, por meio do trabalho, conquistar uma posição independente.
Aqui chegou em 1883 e empregou-se como camarada do sr. Otto Schlenk, sob cuja direcção trabalhou durante alguns annos até que se resolveu seguir para S. Apulo, onde se lhe afigurava encontrar melhor destino.
Em Santos, foi empregado do afamado cortume do sr. Hermenegildo da Silva Ablas; e em S. Paulo, no do sr.  Francisco Pires. Nessed dois consideraveis nucleos de labor, o esforçado moço foi-se preparando para proseguir mais encorajado na lucta pela existencia; e em 1887, depois de haver praticado nos misteres da sua profissão, voltou ao Paraná com o desejo de estabelecer-se por sua conta, com um pequeno capital que adquiriu á força com muita prerseverança quando occupava lugar inferior nas fabricas acima referidas.
Depois de casar-se com a virtuosa sra. d. Christina Vosgerau, de cujo consorcio tem dois filhos o sr. Rossdeutscher sentiu-se estimulado pela dedicação de sua esposa e montou o estabelecimento na proporção dos seus limitados haveres.
O impulso, porem, não se fez esperar; e em menos de dois annos o pobre camarada de outrora tornava-se um abastado e activo capitalista.
Eis o quanto vale o trabalho honrado e perseverante.
Hoje quem palmilhar a estrada do Batel, um pouco abaixo do Seminario, verá destacar-se, d’entre outros predios, o elegante chalet do activo cidadão, o qual é a revelação mais eloquente do que Rossdeutcher é um homem que sabe gosar os fructos da sua invejavel abastança.
Como elemento estrangeiro, é elle um dos mais dedicados amigos do Brazil, e tem o gaudio de dirigir seus filhos a pratica de todos os deveres cívicos, de modo a tornarem-se cidadãos dignos da patria que os vio nascer.
Como modelo de esforços, como exemplo de probidade, aquelle cavalheiro tem para attestar-lhe os creditos de são afanosa existencia o testemunho de toda a população curitybana.”
Uma coisa que observei é que as vezes escreviam o nome da família com “n” em vez de “u”. Isso acontece em outros jornais também.



O jornal “A República” do dia 27 de dezembro de 1894 (mesmo ano que a família diz que a casa foi construída) publicou a seguinte nota:

“O paquete Katargo procedente de Hamburgo: Augusto Rossdentscher, Martha Rossdentscher, Anna Oster, Matto W. T. Bricbel”.

Quem seria Martha? A mãe que ele foi buscar? Uma irmã?

No jornal “Diário da Tarde”, de 3 de dezembro de 1910 encontrei a seguinte nota:

“Boa industria
“Vende-se ou aluga-se por preço comodo um bem montado cortume à vapor, com pequena casa de moradia, situado no Batel, a 200 metros além do Seminario.
É negócio de vantagem, motivado pelo estado de saúde do proprietario e só mesmo a vista do estabelecimento poder-se-ha avaliar o seu valor.
Ver e tratar com o propritario,
Augusto Rossdeutscher
no Batel”.

E no jornal “A República” de 01 de fevereiro de 1911 foi publicado:

“Veio hoje ao nosso escriptorio o sr. Carlos Rossdentscher agradecer em nome de sua familia as referencias feitas por occasião do fallecimento do seu pae cap. Augusto Rossdentscher.”

Publicação relacionada:
Palacete da Família Ross

Referências:

LAURINDO, Elizete Henning. [postagem em rede social]. Disponível em: <https://www.facebook.com/groups/417557358409468/permalink/794704154028118/>. Acesso em: 28 ago. 2017
PELAS industrias. Diário da Tarde, Curitiba, 30 jul. 1901, ano III, n. 731 p. 2.
NOTA. A República, Curitiba, 27 dez. 1894, ano IX, n. 188, p.1.
BOA industria. Diário da Tarde, Curitiba, 3 dez. 1910, ano XIII, n 3670, p. 3.
NOTAS & factos. A República, Curitiba, 1 fev. 1911, ano XXV, n 27, p. 2.