quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Sobrado Stolz - outro belo exemplo de restauro e alguns comentários

Sobrado Stolz - outro belo exemplo de restauro

Sobrado Stolz - outro belo exemplo de restauro

Localizado na Rua São Francisco, entre a Rua Barão do Serro Azul e a Igreja da Ordem, o Sobrado Stolz foi restaurado recentemente pelos seus proprietários. Ele é uma Unidade de Interesse de Preservação.

Na frente do excelente trabalho de restauro esteve a arquiteta Loriane Stolz Cisz Portes, que com o seu escritório de arquitetura – Stolz Arquitetura – em parceria com a AquiBrasil, foi responsável pelo projeto arquitetônico. A execução da obra esteve a cargo da Zelta Construções.

Transcrevo a seguir um trecho de reportagem da “Gazeta do Povo” sobre o restauro do imóvel:

“ O Sobrado Stolz pertence à família de mesmo sobrenome há mais de um século. Em agosto de 1907, o bisavô da arquiteta Loriane, Luiz Bussmann, adquiriu o imóvel por cinco contos de réis e fez dele a moradia de sua família. Bussmann também era proprietário do prédio vizinho – na esquina das ruas São Francisco e Mateus Leme –, onde funcionava sua padaria. Com a saída da família do endereço, o sobrado serviu de sede para uma autoescola e para um bar antes de ficar fechado. A família não tem registros sobre o ano de construção do imóvel, nem sobre quem foram seus primeiros proprietários. …”

As dificuldades dos proprietários de Unidades de Interesse de Preservação


O que achei interessante na reportagem do jornal foi que pela primeira vez tive uma ideia do que representa o incentivo de venda de potencial construtivo na manutenção desses imóveis.
O restauro do casarão foi custeado pelo Sr. Leonardo Cisz, pai de Loriane.
Eles captaram recursos através da venda do potencial construtivo do imóvel e esses recursos cobriram aproximadamente trinta porcento dos gastos. A família pretende recuperar o dinheiro próprio investido com a locação do imóvel. Não sei se ele já foi alugado, mas na última fez que passei por ele ainda não havia sido.

“Hoje, materiais como as madeiras de lei utilizadas no piso e no teto são muito caros. Além disso, tivemos que buscar marceneiros que pudessem reproduzir as portas e janelas nos moldes da época da construção.”. São outras dificuldades apontadas pelo engenheiro Rogério Muniz, da Zelta Construções.

Certa vez, conversando com um proprietário de um outro imóvel – que também é uma Unidade de Interesse de Preservação – ele comentou sobre as dificuldades burocráticas. Disse que qualquer coisa que queira fazer no imóvel envolve muita papelada e que tudo é muito demorado.

A nova Lei do Patrimônio Cultural de Curitiba


Recentemente a administração do prefeito Gustavo Bonato Fruet aprovou uma nova Lei do Patrimônio Cultural de Curitiba, que entre outras coisas regula esses imóveis de interesse. Não sou um especialista no assunto, mas cheguei a conclusão que ela representa um avanço em relação à anterior, principalmente por dois itens:
● a inclusão da possibilidade de tombamento;
● a possibilidade dos proprietários captarem recursos pela venda de potencial construtivo a cada quinze anos.
Por outro lado fiquei com a sensação que a burocracia aumentou e continuo achando que os incentivos para os proprietários privados desses imóveis são insuficientes.

As críticas em relação a conservação de algumas Unidades de Interesse de Preservação


Quem acompanha o blog pode ter percebido que evito fazer críticas a conservação de imóveis (seja eles UIP ou não). Faço isso primeiro porque não conheço os fatos que levaram a essa situação. Quem sabe se os proprietários não são um casal de velhinhos que vive com uma aposentadoria miserável, que mal dá para os remédios?
Também acredito que os incentivos para os proprietários privados manterem esses imóveis são insuficientes. É fácil querermos o bônus de usufruir da existência desses imóveis, enquanto o ônus da manutenção cabe aos proprietários. Se todos queremos que esses imóveis sejam bem conservados, todos devemos contribuir - via dinheiro de impostos - para isso.

A coisa é um pouco diferente quando o imóvel é propriedade do Estado, com foi o caso da publicação “Governo do Estado quer vender Unidade de Interesse de Preservação”. O poder público quando proprietário deve preservar e conservar o que na verdade é patrimônio de todos.

Parabéns


Parabéns aos proprietários do Sobrado Stolz pela decisão de manter o imóvel na família e pelo investimento no seu restauro.

Referências:

ABDALLA, Sharon. Restauro dará nova vida ao Sobrado Stolz, no Largo da Ordem. Gazeta do Povo. Curitiba, 25 ago. 2015. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/imoveis/restauro-dara-nova-vida-ao-sobrado-stolz-no-largo-da-ordem-4gfbsn6zix4d2rkubots7fo6z>. Acesso em: 11 out. 2016.
CURITIBA. Lei nº 14794, de 22 de março de 2016. Dispõe sobre a proteção do patrimônio cultural do município de Curitiba, cria o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Curitiba - CMPC, institui o Fundo de Proteção ao Patrimônio Cultural - FUNPAC e dá outras providências. Leis Municipais. Disponível em: <https://leismunicipais.com.br/a/pr/c/curitiba/lei-ordinaria/2016/1479/14794/lei-ordinaria-n-14794-2016->. Acesso em: 11 out. 2016.