sábado, 28 de outubro de 2023

Casa Lüders

Casa Lüders - fachada principal
Casa Lüders - detalhe da entrada principal
Casa Lüders - lateral
Casa Lüders - lateral
Casa Lüders - fundos
Hermann Lüders e Maria Beurer com os filhos Hedwig, Elza, Irene e Germano

Unidade de Interesse de Preservação, localizada na Avenida Manoel Ribas, esquina com a Rua Desembargador Vieira Cavalcanti. Em frente da Praça Divina Pastora.

Acho essa casa lindíssima e está muito bem preservada.
Ela foi construída entre 1913 e 1915¹ pelo Sr. Hermann Lüders (conhecido no bairro como Germano Lidas).
Originalmente o terreno era bem maior. Era uma chácara que ia até à Rua Jacarezinho. Com o tempo a prefeitura foi abrindo ruas e as parcelas isoladas foram sendo vendidas.

O Sr. Hermann foi casado com Maria Beurer e tiveram quatro filhos: Hedwig, Elza, Irene e Germano. A Elza e a Irene eram gêmeas. O Sr. Hermann e a Dna. Maria eram alemães.
A Sra. Maria (a Oma, como chamavam na família de minha esposa) faleceu em 2005, aos 106 anos.²

Conheci a Oma e a Hedwig, que era solteira. Minha sogra (Irene Pessine Sbalqueiro) era amiga das meninas do casal, tanto que uma delas (Elza) era madrinha de minha esposa.
Um dia a Dna. Irene mandou a então minha namorada (Sueli Sbalqueiro Ortolan) fazer algo lá na casa dos Lidas (não lembro o que, um recado? Levar alguma coisa?). Entramos pelo portão lateral, que dava para um bonito gramado (sempre aparado pelas cabras); onde já estava a Hedwig.
Enquanto a namorada falava com ela, fiquei observando a Oma que estava assistindo televisão. Passava naquele momento um GP de F1. Fiquei intrigado. Não era comum uma senhora daquela idade ser interessada em corridas de automóveis.
Depois de um tempo a Oma levantou e venho conversar conosco. Comentou que a televisão era uma coisa maravilhosa, que permitia as pessoas verem, ao vivo, a Alemanha. Ah! Entendi. Ela não estava assistindo à corrida, ela estava vendo a Alemanha.

Na chácara, além de criarem cabras (para leite e queijo) tinham árvores frutíferas e outros cultivos.
Minha esposa lembra do aipim. Não era o aipim comum, era o manteiga, que poucos cultivavam então. Ele era colhido, lavado, as pontas cortadas e embalados em um saco branco (isso não era comum na época). O Sr. Hermann também comercializava o aipim de uma forma diferente. Ao contrário dos colonos de Santa Felicidade, ele não saia pelas casas oferecendo o produto. Ele tinha freguesia certa e fazia entrega a domicílio.
Com relação ao aipim conta também que um dia, um gaiato qualquer (não lembra quem) roubou umas ramas e saiu distribuindo pela vizinhança.
Outra coisa que ela lembra são os caquis Coração de Boi. Eles eram colhidos ainda um pouco verdes e postos para madurar no porão. Quando eram entregues estavam maduros. Era uma delícia, bem doces.

O imóvel continua pertencendo à família e é atualmente ocupado pelo Instituto Bom Aluno.

Escrevi para Iri Grani (bisneta do Sr. Hermann) solicitando autorização para publicar aqui no blog a foto da família que ela havia divulgado em uma rede social e aproveitei para esclarecer a pronúncia do sobrenome Lüders. Como eu imaginava é “liders” (com o “i” forte), diferente de “lidas”, como o pessoal do bairro costuma dizer. Ela compartilhou comigo uma outra lembrança, que reproduzo: “… faltou contar dos figos, que eram feitas compotas e do pão de centeio com manteiga de cabra que a Omama batia na mão, mesmo com toda idade. Bom este pão de centeio e manteiga de cabra igual sei que nunca mais vou comer, junto com o leite de cabra. Ficou num passado distante, mas que sempre será lembrado.”³
publicação complementada em 28 out. 2023

Publicação relacionada:

Referências:
¹ GRANI, Ireneusa [comentário em rede social] jul. 2020. Disponível em: <https://www.facebook.com/groups/CURITIBADEOUTROSTEMPOS/permalink/1243774759295418/>. Acesso em: 27 out. 2023.
² GRANI, Ireneusa [comentário em rede social] set. 2020. Disponível em: <https://www.facebook.com/groups/CURITIBADEOUTROSTEMPOS/permalink/1299357843737109/ >. Acesso em: 27 out. 2023.
³ GRANI, Ireneusa [correspondência pessoal]. Mensagem privada trocada com Flavio Antonio Ortolan. 28 out. 2013.
SUBSÍDIOS Genealógicos: famílias brasileiras de origem germânica. vol. I. São Paulo: Instituto Genealógico Brasileiro e Instituto Hans Staden, 1963, 228 p.
INSTITUTO Bom Aluno [site]. Disponível em: <https://www.bomaluno.org.br>. Acesso em: 27 out. 2023.