quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Se eu morrer muito novo

Painel de azulejos no Cemitério Municipal

Se eu morrer muito novo, ouçam isto;
Nunca fui senão uma criança que brincava.
Fui gentio como o sol e a água
De uma Religião Universal
que só os homens não têm
Fui feliz porque não pedi cousa nenhuma,
Nem procurei achar nada,
Nem achei que houvesse mais explicação
Que a palavra explicação não ter sentido nenhum.

Fernando Pessoa em 1913 nos Poemas Inconjuntos.
Painel de azulejos no Cemitério Municipal de Curitiba.