quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Palacete Leão Júnior (Solar dos Leões)

Palacete Leão Júnior
Palacete Leão Júnior
Palacete Leão Júnior
Palacete Leão Júnior
Palacete Leão Júnior

O Palacete Leão Júnior, ou Solar dos Leões, como também é conhecida essa casa, sem dúvida alguma está na minha lista das casas mais bonitas de Curitiba.

Localizada na Av. João Gualberto, ao lado da Vila Odette e bem próximo da Capela N. S. da Glória e do Colégio Estadual, ela é uma Unidade de Interesse de Preservação e bem tombado pelo Patrimônio Cultural do Paraná.

A casa foi construída por Agostinho Ermelino de Leão Júnior e sua esposa Maria Clara de Abreu Leão. O projeto foi de Cândido Ferreira de Abreu (1856-1919), irmão de Maria Clara e aquele mesmo, que a Av. Cândido de Abreu, no Centro Cívico, homenageia.

A casa em estilo eclético, de um único andar sobre um porão alto, é lindíssima. O que chama a atenção são os vários detalhes da decoração, como a escada bifurcada que dá acesso a varanda, os dois com guarda-corpo com balaústres elaborados. As cinco portas em arco, com colunas nas laterais e ricamente ornamentadas. As diversas esculturas e postes de iluminação. Toda a construção é encimada por uma platibanda com balaústras e pináculos.

A família Leão Júnior mudou-se para a casa em 1902. Na época a região era um local de chácaras que, como o Batel, passou a ser ocupada por finas residências de ervateiros e industriais. O trecho da Av. João Gualberto, até mais ou menos a altura de onde hoje tem uma trincheira, na época tinha o nome de Boulevard 2 de Julho e era uma espécie de atalho para a Estrada da Graciosa.

A casa foi muito bem restaurada pela IBM do Brasil, que construiu nos fundos os seus escritórios e abriu a casa para o público como um centro cultural. Mais tarde o BRDE - Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul instalou-se no local e manteve a casa aberta como Espaço Cultural BRDE.

Os diversos Agostinho Ermelino de Leão


Desde que cheguei à Curitiba sempre ouvi falar de Agostinho Ermelino de Leão. Demorei algum tempo para perceber que o nome não era de uma pessoa, mas de várias. Cada Agostinho Ermelino de Leão teve pelo menos um filho com o mesmo nome e alguns com o nome de Ermelino Agostinho de Leão, só para complicar ainda mais. Pelo menos três deles casaram com mulheres chamadas Maria. Até hoje, sempre que ouço o nome, não sei direito de quem estão falando.
Até onde consegui destrinchar, a coisa é mais ou menos assim:

Agostinho Ermelino de Leão nº 1 (nasceu em Salvador, Bahia, em 1797 e faleceu no Recife, Pernambuco, em 1863). Foi o primeiro a chegar no Paraná, quando foi nomeado juiz-de-fora em Paranaguá pelo Imperador D. Pedro I. Casou com Maria Clara da Costa Pereira, filha do então capitão-mor da cidade. Em 1835 foi nomeado juiz de direito da comarca de Paranaguá e Curitiba, cargo em que permaneceu até 1853, quando foi nomeado desembargador, mudando-se para o Maranhão e depois para o Pernambuco, onde faleceu.

Agostinho Ermelino de Leão nº 2 (nasceu em Paranaguá, em 1834 e faleceu em Curitiba em 1901). Era formado em direito e casou com Maria Bárbara Correia, irmã bem mais velha de Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul. Em Curitiba foi juiz e político, chegando a vice-presidente da Província, exercendo a presidência de forma temporária em diversas ocasiões.
Foi fundador do Museu Paranaense (junto com o Dr. Muricy) e do Clube Curitibano (junto com o Barão do Serro Azul).

Agostinho Ermelino de Leão nº 3, o Júnior. (Nasceu em Curitiba em 1866 e faleceu em 1907, também em Curitiba). Este parece ter sido o único que teve no final do nome o Júnior, para facilitar um pouco as coisas. Casou com Maria Clara de Abreu. No início trabalhou como gerente comercial na empresa de seu cunhado Francisco Fasce Fontana (casado com a sua irmã Maria das Dores), de quem era grande amigo. Por volta de 1895 mudou-se para Ponta Grossa, onde começou a construir a sua riqueza com a erva-mate. Ficou uns cinco anos por lá e depois retornou para Curitiba e começou a construir a sua bela casa, objeto dessa postagem. Como podemos observar pela data de falecimento, ele aproveitou a casa por poucos anos.
Foi ele também o fundador, em 1901, da Leão Junior S.A., empresa tradicional da cidade e produtora do nacionalmente famoso Matte Leão. A decisão de fundar a sua própria empresa surgiu depois que sua irmã, que tinha ficado viúva de Francisco Fasce Fontana, contraiu segunda núpcias com Bernardo Augusto da Veiga em 1897, que passou então a administrar as Imperiais Fábricas Fontana.
A empresa Leão Junior S.A. foi vendida recentemente para uma multinacional do setor de refrigerantes e a fábrica transferida para Fazenda Rio Grande. As antigas instalações da industria, localizada na Av. Getúlio Vargas, foi adquirida por uma igreja e demolida, para a construção de um templo.

Agostinho Ermelino de Leão nº 4, (nasceu em Curitiba em 1892 e faleceu em 1953, na mesma cidade). Continuou os negócios do pai e quando casou (ainda não consegui descobrir com quem), ganhou da mãe o terreno ao lado e construiu a Vila Odette, que já mostramos aqui nesse espaço.

Depois que incluí esta postagem, recebi o seguinte comentário em uma rede social: "Tudo perfeito vc só esqueceu do n- 5 Agostinho Ermelino de Leão Filho, o n-6 Agostinho Ermelino de Leão e do n- 7 (Eu) Agostinho Ermelino de Leão Junior"

Você pode ver outras fotos do interior, detalhes externos e do mirante.

Referências:
LYRA, Cyro Illídio Corrêa de Oliveira et al. Espirais do tempo: bens tombados do Paraná. Curitiba: Secretaria de Estado da Cultura, 2006. 440 p.
ABDALLA, Sharon. Arquitetura e requinte da mansão dos Leões. Gazeta do Povo. Curitiba, 26 abr. 2015. Disponível em <http://www.gazetadopovo.com.br/imoveis/arquitetura-e-requinte-mansao-dos-leoes-6jybfivm5g4nq5ukovm1y816c>. Acesso em: 15 out. 2015.
HOERNER JÚNIOR, Valério. Os três Ermelinos. Histórias de Curitiba. Disponível em: <http://historias-curitiba.f1cf.com.br/curitiba-303-historias-de-curitiba-os-tres-ermelinos.html>. Acesso em 15 out. 2015.
FERNANDES, José Carlos. Sem defesa, fábrica da Matte Leão começa a ser demolida. Gazeta do Povo. Curitiba, 7 abr. 2015. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/sem-defesa-fabrica-da-matte-leao-comeca-a-ser-demolida-4bgldsza3ohv4cvcgx2vvms7i>. Acesso em: 17 out. 2015.
FONTANA, Eduardo Ribas. [mensagem pessoal] Mensagem privada trocada por rede social com Flavio Antonio Ortolan. fev. 2016